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Foto do escritorAdriana Ferreira

Sobre comparação e a ação da conformidade.

Atualizado: 20 de out. de 2023

Uma reflexão sobre como se comparar e ser influenciado, pode ser bom.

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Sobre comparação e a ação da conformidade. Uma reflexão sobre como se comparar e ser influenciado, pode ser bom.


Precisamos de pertencimento e fazemos tudo para consegui-lo

Somos o que somos, a partir do meio em que vivemos.

Nossa experiência de vida, condição social, pessoas e informações a que temos acesso, nos moldam. E independentemente de um querer individual, o nosso entorno influencia em nossas decisões e nas oportunidades que alcançamos.

Da mesma forma, nossas ações e comportamento também influenciam os ambientes que frequentamos e as pessoas que convivemos. Numa via de mão dupla, grupos sociais — como família, amigos, colegas de trabalho — influenciam-se mutuamente conforme sua convivência.

Portanto, diferente do que gostamos de dizer para os nossos pais na adolescência, somos influenciáveis sim — ou pelo menos estamos suscetíveis a. Mas, por quê?


Porque temos necessidade de pertencimento. E por isso, acabamos, de alguma forma e em algum nível, nos adequando ao ambiente do nosso interesse e absorvendo em nosso modo de pensar ou agir suas interferências — mesmo que inconscientemente — para seguirmos fazendo parte.


Indico um livro muito interessante que trata especificamente desse tema, chamado: O Poder das Circunstâncias (2012), de Sam Sommers, psicólogo e pesquisador sobre equidade racial e diversidade de grupos, explorando desigualdades raciais e os esforços para amenizá-las.

Na obra, dentre tantos aspectos que explicam como o “o mundo à nossa volta influencia nossos pensamentos e comportamentos” destaco o estudo sobre ação da conformidade, descoberta pelo pesquisador e psicólogo Solomon Asche e destrinchada por Sommers no livro. Tal ação age sobre nossas atitudes nos fazendo concordar com opiniões de grupos, para ser aceito ou não causar conflitos.

Quem nunca concordou em ir naquele restaurante que não gosta só porque a maioria escolheu? Ou preferiu não compartilhar alguma opinião impopular só pra não destoar da maioria? Pois é…


Porém, a pesquisa de Asche afirma que a ação da conformidade nos afeta de forma mais profunda do que isso.

“Acontece que nossa tendência de seguir com a maioria não se limita a situações em que queremos evitar confusão. Às vezes, as pessoas ao nosso redor influenciam não somente nosso comportamento público, mas também nossos pensamentos íntimos”, afetando também, portanto, nossas ideias e opiniões.

Socialmente, isso acontece quando inconscientemente moldamos comportamentos, critérios e valores visando agradar ou ser aceito. “Logo, a conformidade é um processo interno por meio do qual percebemos a norma de um grupo e nos ajustamos de acordo”.


Ocorre que, conforme Sommers explica, “a mão invisível da conformidade” age despertando sentimentos que nos instigam a agir em concordância com o grupo ou com alguém, como o sentimento de retribuição e compromisso.


Talvez por isso, a interferência de pessoas mais próximas com as quais cultivamos vínculos emocionais tenham maior influência, justamente pelo poder de despertar sentimentos de obrigação, retribuição ou comprometimento.


Vale ressaltar que nem sempre tal comportamento é prejudicial, pois, como citado lá no início: somos seres sociais e precisamos pertencer a grupos, comunidades. Além disso, a mudança de hábitos e comportamentos, influenciada pelo nosso entorno, pode ser positiva, nos tornando melhores em algum aspecto, nos ensinando coisas novas, enfim.


Por isso, demonizar a influência não é o caminho. Contudo, é importante estar atento quanto a frequência e intensidade da chamada ação da conformidade em nossas decisões para avaliar se não pode estar se tornando um problema.

Pertencimento e Comparação

Conscientes de que o contexto influencia muito na nossa existência, olhemos com outros olhos para o ~vilão~ da comparação.

Segundo Sommers, a comparação é o que nos ajuda a olhar para si e entender quem somos, onde estamos. Sem esse comparativo, ficaríamos perdidos sobre se estamos bem ou mal, com sucesso ou não, progredindo ou estagnados.


Ao naturalizar a comparação, Sommers abre caminho para reflexões mais relevantes, como: com quem estamos nos comparando? Sendo esse o ponto mais importante do que a comparação em si, que é natural e inerente ao ser humano.

Abandonando o discurso motivacional: “Não se compare!” bastante vago e irreal, precisamos pensar sobre quem está à nossa volta, em quem nos inspira e com quem nos comparamos.

De acordo com Sommers, nosso balizador está sempre próximo — seja fisicamente ou virtualmente — “Isso significa que nossa escolha de pessoas à nossa volta influencia como vemos o eu. As pessoas com quem estamos têm um impacto profundo sobre quem acreditamos ser”.


Logo, fica evidente como a comparação se torna injusta e irreal se feita com pessoas com realidades totalmente diferentes da nossa. Cada um tem sua trajetória, num ritmo e com oportunidades, diretamente relacionadas ao seu contexto de classe social, cor, gênero e poder econômico.

Como lidar com comparações paralisantes

Quando o nível de comparação e de exigência — externas e internas — são altos ou nos afetam em momentos de maior fragilidade, podem nos paralisar, afetando autoestima, motivação e a própria sensação de pertencimento.


Aí, a solução também está ao nosso redor. Sommers, afirma que conseguimos enfrentar — ou pelo menos temos menos dificuldade de encarar — a ação da conformidade em nossas ações, quando temos um aliado. Basta uma pessoa também quebrar o ciclo, ir contra a regra, que nos sentimos encorajados a fazê-lo.

“Um dissidente altera a cultura de um grupo ao reformular suas normas. Em vez de ser impensável e inaceitável, a discordância torna-se meramente estranha”. E assim, como seres sociais que somos, é na coletividade que conseguimos alterar a rota.

O que reforça a importância de nos cercamos daqueles que além de nos acrescentarem, com influências positivas, também desejam combater padrões irreais e ultrapassados, cessar comparações exageradas e injustas, ir contra exigências além do nosso limite e interesse, e por aí vai.


Com a consciência de tudo que interfere nossas escolhas e comportamento, e balizando as responsabilidades individuais e de contexto.


Afinal, a escolha de caminhos é individual, mas nunca (e que bom) não o percorremos sozinhos.

Sobre comparação e a ação da conformidade.

 

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